quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sem Saber o que Fazer


Sem Saber o que Fazer


Vi minha vaca atolada
No solo rachado do sertão
E a urubuzada
Esperando a refeição

Vi a chuva chover
Nos olhos do meu amor
Vi minha roseira padecer
E seu perfume se decompor

Vi a barra acenar
Sobre meus pensamentos
Vi o povo a Deus clamar
Por seus ensinamentos

Vi meu pobre totó
De tão fraco emudecer
E meu coração cheio de dó
Sem saber o que fazer

Vi o aceno da minha vida
Dar o seu derradeiro adeus
E a morte nossa última acolhida
Levando os braços que foram meus

Vi tudo o que era beleza
A seca castigante padecer
Jogando sob a poeira a natureza
Que meus olhos um dia puderam ver

Fernando Marques


Nota: Nunca passei fome, mas vi inúmeras pessoas mortas de fome e muitas assasinadas por não terem ajuda de ninguém

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