sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Colha a sua flor


Colha a sua flor

Tudo era terra, um imenso vazio
Foi quando a mão do Criador
Com todo seu reflexo plantou
Sobre a terra uma flor

Essa flor é a mulher
Dotada de compaixão e alegria
Que cabe a si novas gerações
E tem no amor sua alforria

Ela é dona da receita
Que mistura paixão com prazer
Receita que sacia o coração do homem
Embora sejam difíceis de compreender

Fernando Marques

Doce perversão


Doce perversão

Ela:

Tento esconder o tamanho da minha timidez
Quando você, sem pudor, me despe no olhar
A pele chega a se arrepiar... queimar
Enquanto minhas pernas pubianamente se roçam
Esse é o rito que desperta teu desnudo-olhar:
Um pouco de loucura...
Um êxtase de gozar...
Perversão!

Ele:

Sem precisar falar o que sinto
Demonstro o que desejo
Pois te vejo desnuda e estigmatizada
Embora o que vista
Seja na tua pele a minha veste


Fernando Marques

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Incólume


Incólume

Compartilhamos a mesma lua, o mesmo sol
Mas nossos caminhos não se encontram
Atrás das montanhas te procuro
E perco teu cheiro entre as flores

Somos seres que se completam
Mas de massa disforme
Você sonha com a luz acessa
Eu, já sonho com a mente ofuscada

Você deseja terras férteis
Eu, já procuro o terreno preparar
E de tudo que planto só contemplo
As raízes em cumprimento

Enquanto isso...
Reveja o seu mundo nas aquarelas
Enquanto o viver e realidade
Unem-se em paralelas

  
Fernando Marques


Paradigma


Paradigma

Dizem que a vida é cheia de escolhas,
caminhos, tristezas, sorrisos, vitórias, derrotas...
O livre arbítrio, assim me ensina o viver:
Escolher o que preciso não o que quero ter

Fernando Marques


Distinto



Distinto

Desejo o que não vejo
O que não tem perfume
Desejo o desprovido de preenchimento
As linhas e suas reticências

Desejo o sol do sertão
No frio do meu quarto
Desejo a loucura
E todas as suas possibilidades

Desejo a fria lâmina
Na carne sem pecado
Desejo entender o mundo
A paz e guerra na sua translação

Desejo sempre chorar
Quando eu estiver sorrindo
Desejo acima do bem e do contraditório
Que os fantasmas se revelem

Desejo bem alto gritar:
Girem o mundo ao contrário!
Desejo no fundo de um poço encontrar
Meus brinquedos perdidos

Desejo mil primaveras
Sob um sol de verão
Desejo uma nova palavra formar
Um tanto singular

Fernando Marques

domingo, 18 de novembro de 2012

Reviva-se



Reviva-se

Hoje, a vejo repetindo velhas cenas
De alguém no porto a esperar
A vinda de antigas lembranças
De quem já não quer mais recordar

O tempo vai passando...
Ainda é tempo de amar
Pois nenhuma ilusão é mais forte
Do que o desejo de continuar

Fernando Marques

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Peleja



Peleja

Vou puxar o diabo pelo chifre
Separar Cosme e Damião
Amarrar vampiros e lobisomens
E rock com baião

Vou cuspir na caatinga
Notas de um trovador
Unir as nuvens e os raios
Numa chuva de amor

Vou buscar Maria Bonita
Nos quintos do inferno
E dizer a Lampião:
Seu coração agora é inverno

Vou dá vida a cada desejo
Do profano ao celestial
Pois a vida não tem preço
Ela é temporal


Fernando Marques

Transparente



Transparente

É quando chega o fim do dia
Na hora do adormecer
Que olho o teu rosto e peço a Deus
Pra um novo dia contigo viver

Viver te fazendo sorrir
 Dando-te força a cada aperto de mão
Pra que não tenhas medo de andar
Ou muito menos ficar na solidão

Se é amor
Que responda o futuro
Pois o momento é o presente
De um sentimento puro

Fernando Marques