segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Bubu

Bubu

Feito carinho de canoa
Embalo meu amor
Não sei se é flor ou rosa
Deixo a cargo do Criador

É doce e pequenina
Feito flor de margarida
E só bem me quer
Embora muito atrevida

Ela é a chuva
Que floresce vida no sertão
Ou um cata-vento 
Que me aponta uma direção

Me faz tentar parar o tempo
Na parada do encantamento
Pra que o tempo me dê licença
De atrasar o Chamamento

Fernando Marques

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Equação

Equação

Escondido pelas madrugadas
Nas encruzilhadas da solidão
Passando por calçadas
Que não anda meu coração

A alegria, agora fingida
Se maquia pelos bares
Nas anáguas a acolhida
Pra confrontar os pesares

Crio prosopopeias no falar
Defesas suspensas ao vento
Tentando assim dizimar
O que me tira o alento

E como versos das canções
Que só se firmam repetidos
Faço as equações
Dos momentos indeferidos

Fernando Marques

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Realce

Realce

Ela tenta ousar
Mas se prende ao pudor
Nos seus olhos reluz a timidez
Dos seus lábios em flor

Delicadamente arruma seus cabelos
Fecha os olhos ao suspirar
Nasce um sorriso na face
Um brilho no olhar

Pra junto de sí me puxa
Promete com o tempo mudar
Se enrola no lençol
E em silêncio começa se julgar

Já nasce a saudade
Do gozo reconstrutor
Daquele que dá vida
E enche o mundo de cor

Fernando Marques


terça-feira, 17 de setembro de 2019

Segura na Mão de Deus

Segura na Mão de Deus

O conforto triste da oração
A semente embaixo da terra
Na vida o refrão
Da jornada que se encerra

No olhar a expressão
De um horizonte vazio
Olhos baixos temem a terra
A vida sobre um fio

Um choque de uma realidade
Que tentamos na vida esconder
E tudo que do mundo se vai
Só em lembranças podemos reaver

Aos que ficam:
Fartam a saudade
Aos que vão:
Solenidade!

Fernando Marques