segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Maquiagem

Maquiagem

Quando a noite caí
Traz consigo minha solidão
E o nome daquela mulher
Que lacra meu coração

Coração se fecha no peito
Jura por tudo se matar
Já não quer voltar pra casa
Nem se permite aconselhar

Se firma num balcão amigo
Feito devoto em igreja
Pede uma dose de conhaque
E se firma na cerveja

Um toque de maquiagem
Pra disfarçar o medo
Do amanhecer
Que começa cedo

Fernando Marques

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

...

...

No caminho solitário
Entre o ser e o coração
O homem planta sonhos
Entre o céu e o chão

Fernando Marques

Desaguando

Desaguando

No rastro da lua cheia
Corre o meu rio
De cauda longa e prateada
Brilhante feito pavio

Ele nasce no meio das serras
Que juntas formam um coração
É denso e cristalino
Feito o curso de uma paixão

Dá vida as planícies da vida
Enchendo de cor a natureza
De volume faz o mar
Com toda a sua grandeza

Fernando Marques

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Decompor

Decompor

Escolha a calcinha
Converse com o espelho
Feche a porta de casa
com um sorriso
Vá ao meu encontro
No caminho escute o som:
As batidas do seu coração
Retoque o brilho do seu olhar
O tom do seu batom

Ao passar em frete a igreja
Tente não se benzer
Finja ter a insanidade
Que te afasta o pudor
Venha e volte pelo mesmo caminho
Deixe teu cheiro como acalanto
Teu suor como lembrança
Do decompor do seu amor

Fernando Marques 

Embolada

Embolada

Feito repentista
Embolo o tempo, faço rima
Vou do céu ao profano
Hora tu embaixo, hora tu por cima

Fernando Marques

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Bubu

Bubu

Feito carinho de canoa
Embalo meu amor
Não sei se é flor ou rosa
Deixo a cargo do Criador

É doce e pequenina
Feito flor de margarida
E só bem me quer
Embora muito atrevida

Ela é a chuva
Que floresce vida no sertão
Ou um cata-vento 
Que me aponta uma direção

Me faz tentar parar o tempo
Na parada do encantamento
Pra que o tempo me dê licença
De atrasar o Chamamento

Fernando Marques

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Equação

Equação

Escondido pelas madrugadas
Nas encruzilhadas da solidão
Passando por calçadas
Que não anda meu coração

A alegria, agora fingida
Se maquia pelos bares
Nas anáguas a acolhida
Pra confrontar os pesares

Crio prosopopeias no falar
Defesas suspensas ao vento
Tentando assim dizimar
O que me tira o alento

E como versos das canções
Que só se firmam repetidos
Faço as equações
Dos momentos indeferidos

Fernando Marques

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Realce

Realce

Ela tenta ousar
Mas se prende ao pudor
Nos seus olhos reluz a timidez
Dos seus lábios em flor

Delicadamente arruma seus cabelos
Fecha os olhos ao suspirar
Nasce um sorriso na face
Um brilho no olhar

Pra junto de sí me puxa
Promete com o tempo mudar
Se enrola no lençol
E em silêncio começa se julgar

Já nasce a saudade
Do gozo reconstrutor
Daquele que dá vida
E enche o mundo de cor

Fernando Marques


terça-feira, 17 de setembro de 2019

Segura na Mão de Deus

Segura na Mão de Deus

O conforto triste da oração
A semente embaixo da terra
Na vida o refrão
Da jornada que se encerra

No olhar a expressão
De um horizonte vazio
Olhos baixos temem a terra
A vida sobre um fio

Um choque de uma realidade
Que tentamos na vida esconder
E tudo que do mundo se vai
Só em lembranças podemos reaver

Aos que ficam:
Fartam a saudade
Aos que vão:
Solenidade!

Fernando Marques

sábado, 17 de agosto de 2019

Ciclo


Ciclo

E se os dias passam
E você por eles não passar
Os dias levarão
O que em mim custa passar

Fernando Marques

quarta-feira, 24 de julho de 2019

O Puxa Saco

O Puxa Saco

É considerado um animal
Uma cobra de duas "cabeça"
Por aí: um tanto trivial
Disso não se esqueça

Faz de tudo pra agradar
Com a mortalha da falsidade
Mas vive a se rebaixar
Demonstrando "lealdade"

É igual nota de 3 reais
Não precisa nada saber
São criaturas ornamentais
Até um dia se arremeter

Te abraça com um sorriso
Faz de ti um confidente
E diz fazer o que for preciso
Pra lhe ver contente

Você manda sentar
Ele senta
Você manda puxar
Seu valor se ausenta

Alguns chamam de bajuladores
Outros: a imagem do cão
De pentelhos são colecionadores
Essa é a sua atuação

Fernando Marques

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Desalento

Desalento

Quando a oração falha
Me vem o desespero
Olho pro céu e clamo:
Tardai o meu enterro

Fernando Marques

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Aparente-mente

Aparente-mente

Na solidão da janela
Debruçada sobre o nada
Lá estava ela
Com sua alma magoada

Olhos perdidos na imensidão
De uma dor de dentro pra fora
Que destrói coração
Que não tarda nem demora

É como se o céu
Fosse parte de um precipício
Ou um grande mausoléu
De um desejo fictício

Fernando Marques