segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Distinto



Distinto

Desejo o que não vejo
O que não tem perfume
Desejo o desprovido de preenchimento
As linhas e suas reticências

Desejo o sol do sertão
No frio do meu quarto
Desejo a loucura
E todas as suas possibilidades

Desejo a fria lâmina
Na carne sem pecado
Desejo entender o mundo
A paz e guerra na sua translação

Desejo sempre chorar
Quando eu estiver sorrindo
Desejo acima do bem e do contraditório
Que os fantasmas se revelem

Desejo bem alto gritar:
Girem o mundo ao contrário!
Desejo no fundo de um poço encontrar
Meus brinquedos perdidos

Desejo mil primaveras
Sob um sol de verão
Desejo uma nova palavra formar
Um tanto singular

Fernando Marques