quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Do Sertão ao Coração

 
Do Sertão ao Coração

Por amor,
Deixei minha terra: meu lar
Deixei minha querida mulher
E as crianças que viviam a me alegrar

Tive que correr coragem
Dentro do meu aflito peito
Bater a poeira do sertão
E me despedir do meu leito

Tive como carreira
O rumo do sul
Sempre pintando chuva
Sob um imenso céu azul

Lembrando dos infantes sorrisos
Que de fome se acanhavam
E dos olhos do meu amor
Quando suas preces não vingavam

Resolvi sair atrás do pão
Que minha querida terra não dá
Pois fome, dos padeceres
É difícil de se contornar

Cheguei a terras desconhecidas
Não passei de um visitante
Nada me lembrava amor
Me senti um bandeirante

Mas logo fui “reconhecido”
Como cabra forte e trabalhador
Por um olhar de mais valia
E traços de fingidor

Tive que me conter e assegurar
Cada fração de dinheiro
Imaculado pra minha família
Levado por um caixeiro

A me conter por ser explorado
E ter que aceitar às vezes um tostão
Pois vim munido de força e amor
Pra minha família não morrer sem atenção

Mas, também nessa peleja
De contenção e agonia
Nunca deixei de dividir
O café em noite fria

Fernando Marques