domingo, 22 de novembro de 2009

Café da Manhã


Café da Manhã

O café era azul, azul como a profundeza de um oceano escuro e sobre uma mesa flutuante pairava o sol das paredes que a ele comprimia como um adorno de renda que circunda as mais belas curvas criadas pela natureza. Eram trêmulas as mãos que criavam redemoinhos no fundo de um cálice, um tanto trivial, para aquele horário.

Fiz a cama que me chamava para novos sonhos-pesadelos, penteeie os cabelos que o tempo me levou usando o pente da recordação que insiste em se perder no presente. Outrora tentei pegar o pão que se distanciava da flutuante mesa e nele coloquei o recheio de lágrimas com a faca da loucura. Compus meu café, mas de tão faminto neguei come-lo.

Fernando Marques

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