Por amor,
Deixei minha terra: meu lar
Deixei minha querida mulher
E as crianças que viviam a me alegrar
Tive que correr coragem
Dentro do meu aflito peito
Bater a poeira do sertão
E me despedir do meu leito
Tive como carreira
O rumo do sul
Sempre pintando chuva
Sob um imenso céu azul
Lembrando dos infantes sorrisos
Que de fome se acanhavam
E dos olhos do meu amor
Quando suas preces não vingavam
Resolvi sair atrás do pão
Que minha querida terra não dá
Pois fome, dos padeceres
É difícil de se contornar
Cheguei a terras desconhecidas
Não passei de um visitante
Nada me lembrava amor
Me senti um bandeirante
Mas logo fui “reconhecido”
Como cabra forte e trabalhador
Por um olhar de mais valia
E traços de fingidor
Tive que me conter e assegurar
Cada fração de dinheiro
Imaculado pra minha família
Levado por um caixeiro
A me conter por ser explorado
E ter que aceitar às vezes um tostão
Pois vim munido de força e amor
Pra minha família não morrer sem atenção
Mas, também nessa peleja
De contenção e agonia
Nunca deixei de dividir
O café em noite fria
Fernando Marques