sexta-feira, 4 de junho de 2010
Feridas que não se Abrem
Feridas que não se abrem
Hoje eu sentei pra chorar
Pra pensar nas feridas da vida
Tentei o meu caminho desenhar
Até mesmo o sorriso da minha partida
Fiquei olhando pro mar
Escurecido pela minha visão
Tentei cada lágrima decifrar
Que saia do meu coração
Pensei em cada poesia
Criada pela palavra dor
E também em cada alegria
Abençoada pelo amor
Fiz de todas as flores
O motivo da minha inspiração
E conheci todos os dissabores
Do meu ladino coração
Eu contava todas as estrelas
Que me iluminavam na escuridão
E juro que sempre ao vê-las
Eu sentia que estava sob proteção
Lembrei também da luz do dia
Que escurecia minha alma
E lembrava da frase que o acidente anuncia:
Vá com calma!
Dentro do meu ser
Criei o monstro e o herói
Independente de quem vencer
Sei que sempre uma nova batalha se constrói
Dos amantes...
Eu era o mais encantado
Mas em delírios flutuantes
Fui o mais amaldiçoado
Muitas vezes eu cheguei a pensar
Que eu era um ser imortal
Por isso com a vida eu queria brincar
E sempre acabava muito mal
Cativei poucos amigos
Mas todos agindo com sinceridade
E criei pro meu prazer inimigos
Onde eu despejava minha maldade
Inúmeras vezes fui o mar
Que empurrava as ondas sobre a areia
Por muitas vezes fui o vento a soprar
Que uma frágil embarcação desnorteia
Eu me achava uma fortaleza
A tudo eu sempre podia
Pois nunca tive a certeza
Do medo que a alma esfria
Lembrei que quando eu ficava triste
Eu procurava na morte me abraçar
Mas o destino sempre insiste
Em querer nos contrariar
Sou uma pessoa solitária
Que nunca se entregou ao coração
Agindo de forma autoritária
Rompendo os limites da razão
Às vezes consigo sorrir
Mesmo sem sentido
Melhor que sentir
Algum desejo ressentido
Uma infindável batalha
Que consiste em me defender
Do fio doce da navalha
Que quer me enlouquecer
Abraço os braços pro céu dos meus problemas
E com fé faço um pedido:
Que todos os meus dilemas
Encontrem cada um o seu sentido
O que fazer?
O que pensar?
Viver!!!
Ou outra vida procurar?
Hoje estou aqui sozinho
Parado e chorando
Refazendo cada caminho
E o tempo mais ainda passando
Olho pro céu e escuto
O que a terra quer me dizer
Ou eu luto
Ou ela vai me comer
Eu queria poder deletar
Da minha memória
O que a borracha não consegue apagar
E escrever uma nova história
Vejo um barquinho
Bem longe no horizonte do mar
Ele também está sozinho
Mas tem alguém pra o comandar
Já eu...
Não tenho nem a mim mesmo
Pois meu ser sempre viveu
Andando a esmo
Vou agora me levantar
pois a agonia da noite
Já vem me presentear
Com a solidão do açoite
Eu nem quero justificar
As lágrimas que aqui sentado derramei
Pois sei que outras ainda irão rolar
Como eu sei!...
Minha vida ainda não acabou
Ainda tenho muito que trilhar
Mas só uma frustração aqui ficou
Foram das feridas que aqui não quis falar
Fernando Marques
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