Distinto
Desejo o que não vejo
O que não tem perfume
Desejo o desprovido de preenchimento
As linhas e suas reticências
Desejo o sol do sertão
No frio do meu quarto
Desejo a loucura
E todas as suas possibilidades
Desejo a fria lâmina
Na carne sem pecado
Desejo entender o mundo
A paz e guerra na sua translação
Desejo sempre chorar
Quando eu estiver sorrindo
Desejo acima do bem e do contraditório
Que os fantasmas se revelem
Desejo bem alto gritar:
Girem o mundo ao contrário!
Desejo no fundo de um poço encontrar
Meus brinquedos perdidos
Desejo mil primaveras
Sob um sol de verão
Desejo uma nova palavra formar
Um tanto singular
Fernando Marques